(1ª Edição – Setembro de
1998)
(2ª Edição – Dezembro de 2006)
NOTAS DO AUTOR
Esta obra foi inspirada, não é um fato verídico e sim uma criação que
existe dentro de cada um de nós, e relacionadas com nossa caminhada onde tudo
é possível acontecer, mesmo na fantasia!
Agradeço a Deus que me reveste de luz e forças para a realização de
mais este trabalho concluído.
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra com todo carinho, aos
sonhadores, para pessoas de grande sensibilidade, enfim a todos aqueles que
direta ou indiretamente tem me incentivado com meus escritos. Aos meus
familiares, aos grandes e eternos amigos. A todos que fizeram ou fazem parte
de minha caminhada.
AGRADECIMENTO
Agradeço esta dádiva divina, a todos àqueles que permanecem em nossos
meios e também aos meus entes queridos que já partiram deste mundo e deixou
todo potencial que trago dentro de mim, que nunca os esquecerei! Estarão
sempre vivos em meu coração e com a mesma ternura que lhes dediquei em vida e
que fortaleceram a minha existência.
Agradeço também pela grandiosa oportunidade concedida por Deus, de ter
feito e estar fazendo parte dos corações de algumas crianças e adolescentes e
ter compartilhado um pouco de meu calor humano e também ter muito carinho de
vossas partes.
COMENTÁRIOS SOBRE O
LIVRO:
Os difíceis momentos que a vida nos reserva, quando tumultos e
atribulações nos envolvem, fazendo-nos baixar o índice de tolerância e
compreensão, chega a levar-nos ao desespero, aos maus pensamentos,
descontrolando-nos intimamente, parecendo-nos não encontrar solução para
nenhum problema, por menores que estes sejam ou pareçam ser. Então
enfurecemo-nos, desconcertamos o nosso ego, colocamo-nos em um precipício sem
saída, e não conseguimos enxergar um nada de bom à nossa frente.
Esquecemo-nos de que ainda pode surgir algo, algum fato, que possa fortalecer
as estruturas. Mas... eis que chega! Vem-nos ao encontro em forma de anjo.
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PREFÁCIO:
O Conto
“Aaron, uma luz no meu caminho” é mais uma realização do grande sonho de
Sidney Barbosa, jovem batalhador.
Foi em
Andradina - SP que Sidney cursou os primeiros anos escolares, demonstrando,
desde cedo, forte tendência para a literatura. Foi lá também, que escreveu
seu primeiro livro, tão bem recebido por grande número de pessoas que lhe
querem bem, incentivo para tantas outras obras.
“Aaron,
uma luz no meu caminho” é paranaense de Curitiba, pedacinho brilhante do
Brasil, onde Sidney vive hoje, por opção. É um conto pautado pela
sensibilidade de quem vive o cotidiano entre pessoas diferentes, aquelas que
necessitam de afeto, de um ombro amigo, de calor humano. É uma narrativa que
traduz vidas e olhos abertos para as desigualdades entre os humanos. São tanto
de ser como de fazer alguém feliz. Segue sereno e o relato, até
que em confronto com as expectativas, o desfecho toma outro rumo, que só
mesmo o epílogo pôde amenizar. Em seus escritos, Sidney ratifica sua intensa
fé no Criador e uma visão convicta de espiritualidade.
Embora
pequenininha, muito me honra dirigir-lhe estas singelas palavras. Obrigada
Sidney. Continue escrevendo. Todos nos iremos deste mundo, porém os anseios e
as ideias transcendem a nossa trajetória e o próprio tempo, porque foram cunhados
como arte, em forma de LIVRO.
Araçatuba - SP, 04 de agosto, 1998.
Profª Maria Helena Silva e Leonel
fatos diante dos quais não se concebe
continuar alheio.
Menino de
Orfanato, Aaron alimentava o grande desejo de viver as experiências do
mundo cá de fora, e de ter uma Família no mundo do suposto Tio.
O
relacionamento entre ambos, fraternal e cada vez mais envolvente, levava-os
aos planos e às esperanças, Dentro de uma visão espiritualista, o livro ensina
verdadeiras lições de vida: a ser paciente, caridoso, ... E em tempo hábil
ter-se-ão os desejos realizados, a
paz que tanto se almeja
e a descoberta
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CAPÍTULO
1
UM VAZIO
Havia uma
ansiedade dentro de mim, que tomava conta de todo meu ser. Eu me via em
constante desespero, sem saber a razão, ou até mesmo entender os porquês.
Procurava
satisfazer meu ego, tentando transformar em amor tudo o que me rodeava, ou,
tudo que eu pudesse ver ou tocar.
Buscava a
cada dia, a cada instante uma razão nova para viver.
Tudo por
mais que eu buscasse não me satisfazia; havia ainda um grande vazio que me
tomava por completo, parecendo faltar complemento, algo que eu não saberia
perceber o que era.
Às vezes
conseguia me realizar, mas não por completo, em meio às crianças, que em sua
plena inocência, me transmitiam um pouco de tranquilidade e conforto.
Mas tudo
ainda era passageiro, apenas momentâneo!
Comecei a me
dedicar a trabalhos junto a crianças órfãs, e para amenizar suas carências
afetivas, eu conseguia transmitir um pouco de amor e carinho a elas, através de
eventos realizados por grupos de amigos.
Mas o pior
de tudo era que me faltava algo para preencher um espaço que existia dentro de
mim! E quanto mais eu fazia, mais o espaço parecia aumentar!!!
Sentia
faltar entusiasmo e ainda não era aquilo de que realmente eu necessitava;
continuava faltando! O vazio ainda me tomava por completo.
E eu
precisava encontrar alguma forma para preencher este vazio, vazio este que nem
eu entendia.
CAPÍTULO 2
APÓS UMA
TARDE NO ORFANATO
Era uma
tarde ensolarada de sábado. Organizamos junto ao grupo de jovens uma gincana
dentro de um orfanato, onde, em meio a várias atividades artísticas, pudemos
conviver com a alegria de toda aquela garotada.
O sorriso de
seus olhares parecia estar, hipnotizados pela tamanha alegria, satisfação e
pela emoção.
Só que o
tempo pareceu curto demais para tal realização!
Mas foi aceita, com muito sucesso, uma excelente atividade recreativa,
muito lisonjeada e bastante comentada pelos integrantes da organização,
dirigentes do local, e demais pessoas que tiveram a oportunidade de assistir ao
nosso tão grandioso e valioso evento.
Após o
término da festança, nos retiramos comovidos e aliviados pela gratidão que nos
envolvia e pela satisfação do dever cumprido.
Já se haviam
passado aproximadamente três horas da realização do evento, bastante cansado e
com o pensamento voltado para aquelas meigas e amáveis crianças, eu sentia
alguma coisa tomar conta de mim com maior resistência e insistência.
Não era dó,
compaixão nunca tinha sido meu lema, acreditava que cada qual que ali estivesse
teria sua missão, algum motivo para estar ali, reparando ou resgatando alguma
falha, ou para seu aprimoramento, ou até mesmo, para sua evolução.
Adormeci
rapidamente...
Vi-me
envolvido naquele mesmo ambiente onde passava à tarde com toda aquelas queridas
e iluminadas crianças.
Ouvia ainda
seus gritos de alegria e todos os fatos ocorridos voltaram intensamente para
meu pensamento como se eu os tivesse revivendo.
Quão
grandiosos momentos!
Surgiram à
frente com maior eficácia, como uma gravação e permitiu que eu pudesse analisar
e rever com mais atenção e coerência, apontando falhas, e buscando até
melhorá-los e aprimorá-las para o próximo evento junto a aquelas crianças, tão
dóceis e admiráveis.
CAPÍTULO 3
NO SONHO
Revivi todas as cenas que haviam passado naquela tarde.
Deparei-me
com um garoto, que me pedia algumas explicações sobre as brincadeiras ali
feitas.
Quando olhei em seus olhos, me vi paralisado, sem forças para mover-me; as
lágrimas caiam de meu rosto e sem saber o porquê de tal situação; aqueles
pequeninos olhos azuis espelhando raios fortíssimos em minha direção, como se
algo tivesse me dominado completamente e me fazendo cobranças que eu não sabia
do que se tratava.
Desconhecia as razões das lágrimas! Não me contive: abracei-o como se tivesse
abraçando meu próprio filho! E ele, chorou junto comigo.
Soluçava desesperadamente, agarrando-me o pescoço, me pedindo que não o
deixasse, não o abandonasse novamente, não o deixasse naquele lugar, não
demorasse a buscá-lo como eu já havia feito anteriormente.
Precisaria tirá-lo rapidamente; não o deixando sofrer mais do que já havia
sofrido...
E eu não conseguia entender os seus lamentos, o seu ponto de vista, mas ao
mesmo tempo eu sentia conhecer os fatos, as situações.
Acordei, acordei assustado e minha cabeça doía tão forte que não conseguia
parar, a fim de pensar.
Acordei em desespero, com o travesseiro molhado pelas lágrimas.
E não conseguia entender nada. E mesmo que eu me esforçasse, não poderia
compreender!
O que significava aquilo tudo! Estava sonhando, talvez tendo um pesadelo.
Não estava raciocinando normalmente, havia uma busca a ser feita, mas, buscar o
quê? E por quê?
CAPÍTULO 4
VISITAR
NOVAMENTE O ORFANATO
Os sonhos com aquele garoto se repetiram por várias vezes.
Não tive coragem de comentar com alguém.
Alguma coisa me perturbava ainda mais. Parecia que estava para descobrir ou
desvendar algum mistério, um mistério torturador.
Esperava sempre que o sonho viesse complementar o que havia ficado sem ser
esclarecido.
Eu me imaginava, aos dezessete anos, em plena juventude com tudo aquilo
martirizando minha cabeça.
Fui novamente ao orfanato com meus parentes.
Ao chegar lá, o primeiro garoto que avistei foi aquele marcante garoto de meus
sonhos.
Aparentava ter seus seis anos, e lentamente foi se aproximando de mim e
perguntou:
- Tio, você já veio me buscar?
Olhei para seus pequeninos olhos azuis e alisei seus loiros cabelos e não me
contendo abracei-o, demoradamente.
Aquilo tudo irradiava paz, uma grande força, um imenso carinho, como se ele me
pertencesse, um alguém tão querido por mim, parecendo fazer tanto tempo, e era
apenas a segunda vez que eu o via pessoalmente, e outras, apenas nos sonhos.
Fiquei por longas horas brincando com as crianças inclusive com meu companheirinho
de meus repetitivos sonhos. Eu não queria que as horas passassem; gostaria que
o tempo parasse naquele instante para poder ficar mais do seu lado, encontrar
alguma resposta para tudo.
Tudo que me afligia naqueles momentos.
CAPÍTULO 5
A TRISTE RETIRADA
A triste hora de se retirar havia chegado. A grande e sofrida hora da
despedida.
Foi dando um aperto no coração e um nó na garganta ao ter que deixá-lo.
Um sofrimento misturado com emoção, não conseguia controlar aquela momentânea e
desesperadora situação.
Um significado sem explicação, ainda mais para mim que ainda em plena
juventude, com tantos planos de futuro, sabia apenas que tinha um motivo, tinha
uma razão, tinha um por que, só que eu não conseguia desvendar!
Uma promessa foi feita em meus pensamentos: eu voltaria para buscá-lo e não
iria demorar, e também não saberia explicar ou imaginar como! Mas eu faria
isto!
Senti a grande dor de ter que deixá-lo e não poder fazer nada.
Em pranto nos despedimos e ele disse:
- Vem me buscar logo, tá? não vai demorar, tá? estou te esperando, tá? Eu te
amo muito, tá?
- Está bem, eu volto, eu volto!
Estava totalmente tomado pela ocasião, parecia uma história de
novela, de filme, sei lá mais o que parecia aquilo tudo que eu estava
vivenciando.
Fui saindo devagar com minha tia e minha prima que me abraçaram comovidas com
aquela cena assistida.
Eu ainda pude observar, quando uma senhora o abraçou carinhosamente e o levou
para dentro do prédio através daquele longo corredor, que eu vi perder de
vista.
CAPÍTULO 6
AO CHEGAR EM CASA
Nada parecia ter sentido para mim.
Surgiram vários comentários entre nós e até a hipótese de trazê-lo nos finais
de semana para ficar com minha família, o que seria uma forma de me animar
também.
Sorri, porém, contudo, não hesitei ao acatar esta sugestão dada por minha prima
Clarinda, pois eu residia com eles na época, e eles eram demais atenciosos
comigo e faziam de tudo para me agradarem, sempre demonstrando grande atenção e
carinho por mim.
Mesmo em meu silêncio chorei por dentro. Aquele meigo garotinho não me saía do
pensamento; uma imagem carente e carinhosa me seguia a todo o momento, que
fazia com que me envolvesse em seus abraços por longos instantes, apenas nos
meus pensamentos.
Tentava esquecê-lo, mas só conseguia por alguns minutos, e logo retornava com
mais intensidade e frequência em minha mente.
Já não conseguia dormir direito. Acordava por várias vezes, assustado, com ele
próximo de mim, chamando e pedindo para que eu fosse buscá-lo.
Diante esta situação, eu me abri com Clarinda.
Foi então que resolveram oficializar o pedido, de permissão para ficarmos com
ele em alguns finais de semana.
Meu pensamento voou mais longe.
Eu acreditava que eles o adotariam após esta permanência conosco em apenas um
final de semana.
Foi encaminhado o pedido e eu estava no auge de minha felicidade, que me fez
descobrir dons artísticos dentro de mim, jamais acontecidos antes.
Eu estava me preparando, como um pai se prepara para receber seu primeiro e tão
esperado filho.
Comecei a criar condições de recebê-lo da melhor forma possível; em festa, com
enfeites por todos os lados da casa, exageradamente!
Criei com meus primos chapeuzinhos em forma de coroa real.
Era assim que ele seria recebido, como um príncipe.
Apesar de estar ciente da demora por alguns longos dias, no que dizia respeito
à permissão por parte daquela Instituição, onde ele ainda permanecia.
Mas contava ansioso pelos dias que passavam devagar e ao mesmo tempo tão
rapidamente.
E eu continuava a visitá-lo com certa frequência nos finais de semana e quando
era o momento de me retirar, era sempre a mesma coisa: eu voltava para casa,
corroído por dentro, carregando comigo a grande dor e a vontade de trazê-lo,
não ficar longe dele um momento sequer.
E não conseguindo entender as razões que nos envolviam tanto, eu, apenas um
jovem ainda, descobrindo os valores pessoais de minha fase, minhas diversões,
coisas da idade, estava deixando tudo para trás para viver um dilema que me
causava muito medo e às vezes me levava ao desespero.
Parecia estar vivendo pela metade.
E não entendia que laços eram esses, que nos unia?
CAPÍTULO 7
A VIAGEM
Os dias iam
passando...
Tivemos o retorno por
parte da direção do orfanato: que poderíamos ficar com ele na segunda quinzena
do mês de janeiro, sendo que estávamos ainda no dia dois deste mês. E eu tinha
uma viagem de férias de dez dias, já programada à tempos.
Pensei em cancelar, mas me
fizeram mudar de opinião, argumentando que já estava tudo organizado e o
restante das coisas, minha prima e amiga, me garantiu cuidar dos
finalmente.
E ainda que fosse bom para
mim, pois assim que retornasse, dentro de dois dias eu receberia o grande
príncipe, assim que passaram a chamar o tempo inteiro.
Eu senti que precisava
disto para pôr minha cabeça no lugar, pois já estava fora de órbita há alguns
dias.
Foram os dez dias mais
longos de minha vida; parecia não acabar nunca. Por mais agradável que fosse
aquela turminha, uma proveitosa viagem, meu pensamento não estava ali e sim
voltada para aquele garotinho que me acompanhava em todos os lugares: nos
sonhos, no pensamento, dentro do coração.
Como gostaria que ele
estivesse ali comigo, pessoalmente!
Foi nesta viagem que me
tornei amigo de Tarcísio, ao qual confiei toda situação e ele me deu a maior
força e apoiou-me.
Tentava me distrair o
tempo inteiro, fazia com que meu pensamento não estivesse longe dali.
Foi para mim um amigo, um
irmão, e talvez por ter quase a minha idade devesse pensar em divertir com os
demais e não ficar me pajeando o tempo todo na praia onde estávamos.Todos
pareciam felizes e parecia não ter problema algum.
E eu naquela aflição
incalculável!
E com a ajuda e convívio
do pessoal, consegui amenizar minha angústia interna.
CAPÍTULO 8
UM CONFORTO AMIGO
Tarcísio, conhecedor de
minha ansiedade e confortando-me com suas palavras, achou conveniente dar algo para
eu ler. Ele analisou toda a situação e colocou em um papel o que ele sentia a
respeito de tudo aquilo.
Amigo,
Não tive irmão, fui órfão, não conheci meus pais, pois sou adotivo e quero
muito bem quem me concedeu a graça de poder ter um lar, uma família, muito
carinho e uma grande proteção.
E pelo pouco que o conheço, sinto-me como se tivesse ganhado um irmão, um
grande companheiro, pelo qual tenho imensa admiração, passou a representar
muito para a minha existência e que podes contar comigo sempre.
Tenha paciência, tenha cautela, e crê que Deus olha por nós.
Seus gestos, seus pensamentos são magníficos e nobres, mas nem tudo é como a
gente quer que seja. O destino nos reserva surpresas!
Embora tudo, lute por aquilo que acredita, mas lute mesmo e em tudo terá a
recompensa Divina.
Conte comigo, hoje, o agora e por toda a eternidade.
Deste teu eterno amigo, e mesmo que um dia estiver distantes um do
outro, você estará presente a todo o momento no meu pensamento e no coração.
“Amizade é sentir-se perto, mesmo quando se esteja distante”. Grande abraço
fraternal,
Tarcísio
Estas palavras muito me
incentivaram e deram motivos e forças, para eu sentir que nunca estaria
só.
Havia alguém disposto a
dividir comigo as minhas condições de vida, as minhas buscas, os meus
pensamentos, até mesmo as minhas ideologias de momento.
Foi concluído o passeio:
aquela longa e curta viagem acabou.
Retornamos à nossa cidade
de origem.
E eu estava tão feliz, por
retornar...
CAPÍTULO 9
OS PREPARATIVOS FINAIS DA GRANDE VISITA
Cheguei a casa numa quarta-feira, e faltavam apenas
três dias para receber a tão grande e esperada visita.
Senti no ar
que alguma coisa não estava bem por ali; havia algo estranho e suspenso nos
olhares de meus parentes, acreditei ser coisa de minha imaginação e fui
organizando os detalhes da festinha do pequeno príncipe que ali estaria em
poucos dias.
Todos os meus parentes, inclusive meu grande amigo
Tarcísio, que já era familiar, estavam ali colaborando para o grande
acontecimento.
Foram três
dias de muita expectativa e alegria para mim, e às vezes pegava minha prima
pelos cantos com lágrimas e acreditava serem coisas do emocional.
Fiz o
possível para aguardar o grande dia, mas queria ir vê-lo, antes. Só que meu
primo Marco Aurélio pediu-me que agüentasse e aguardasse a hora exata, que
seria mais comovente e emocionante. Foi então que consegui acostumar-me com a
difícil ideia.
Mas não
conseguia entender por que minha prima Clarinda fugia de mim; quase não
parávamos para conversar, o que era de se estranhar, pois ela vivia o tempo
inteiro ao meu lado, perguntando-me tudo, e naquele dia nem ao menos parou para
saber como foi a minha viagem! Estranhei!!
Na quinta
para sexta-feira sonhei novamente com ele, que chorava desesperadamente,
pedindo-me que o buscasse logo e que não demorasse tanto.
Acordava em
pranto.
Mas com que
me preocupar, afinal se era o grande e maravilhoso dia de buscá-lo!
Era um
grande alivio, a grande e fortalecida recompensa chegava, prestes a findar o
meu desespero, a minha ansiedade, os constantes pesadelos.
Isto tudo,
já não me acompanharia mais, só tinha que controlar os impulsos até chegar
quatorze horas para buscá-lo.
Quase não
almocei neste dia e parece que a falta de apetite também rodeou os demais
daquela casa, apenas beliscaram a comida e não insistiram, largando a mesa um a
um.
Chegava
finalmente à abençoada hora, saímos em seguida para buscar a mais preciosa
criatura, a busca maravilhosa.
Todo
empolgado fui acompanhado de meu amigo Tarcísio, que parecia tão ansioso quanto
eu, de Clarinda e Marco Aurélio.
Lá fomos
nós, Clarinda por várias vezes chorou no caminho e não soltou uma só palavra e
foi motivo para que eu debochasse dela e em tom de zoeira a chamasse de “mamãe
coruja” ou “titia coruja”, pois tudo para mim era motivo de festa, muita festa.
CAPÍTULO 10
CHEGADA AO ORFANATO
Lá chegando
eu estava demais esperançoso para vê-lo.
Senti
naquele momento algo que me atormentava e apertava fortemente o meu peito e
doía tudo por dentro, tive vontade de chorar e não sabia o porquê, mas, fui
forte o suficiente para me controlar.
Ao descer do
carro, observei o lugar de sempre em que o encontrava, mas não o avistei,
acreditei estar arrumando-se para o passeio.
Foi durante
todo o tempo calada que só naquele momento minha prima soltou a voz.
- Vá com
calma! Pondere seus impulsos, saiba ser paciente, tolerante e confie em Deus
acima de tudo e acredite que para tudo existe uma razão e um por que.
Não consegui
entender o que ela queria dizer, mas não conseguiram tocar-me naquele momento
as suas sábias palavras.
Meu coração
batia acelerado, cada vez mais, parecia querer sair pela boca, quando avistei
uma das zeladoras.
Ela já vinha
ao nosso encontro como se tivesse nos aguardando.
Gentilmente
abriu o portão e disse:
- Sejam bem
vindos...
Não me
contive e perguntei:
- Onde está
Alan?
Muda e
cabisbaixa ela pediu-nos que a acompanhássemos até a diretoria.
Adentramos o
longo corredor e no caminho observei cuidadosamente, mas não o avistei; parecia
fazer tanto tempo que eu não aparecia!! Percebi que tudo estava diferente,
parecia tudo tão triste!
Ainda
continuava com o fixo pensamento de que ele estava sendo preparado para o
passeio e por isso meus olhos não o alcançaram.
Por todos os
momentos estiveram ao meu lado. Clarinda, Marco Aurélio e Tarcísio que me
faziam sentir ainda mais fortalecido. Chegamos à sala da diretora.
Uma voz
suave veio ao nosso encontro.
- Entrem,
por favor! Tenham a bondade de sentarem-se meus filhos, e que sejam sempre bem
vindos à nossa humilde casa.
Uma senhora
tão diferente, parecia transmitir, tanta força, tanto carinho através de suas
palavras.
Uma pessoa
que com sua voz me dominava por completo!
CAPÍTULO 11
A GRANDE
RIVALIDADE DA VIDA
Fomos tão
bem recebidos por aquela nobre senhora que aparentava ter seus cinquenta anos.
Então meu
caro jovem, você é a pessoa em quem despertou tão grande afinidade por Alan?
- Sim
senhora, respondi.
- Meu
querido, nós temos aqui no momento, neste lugar, sessenta e duas crianças nas
mesmas condições de Alan e na maioria das vezes, foram deixadas por suas mães
(quase sempre solteiras), que não se achavam em condição de criar o
filho. Deixavam para adoção, ou até mesmo para a gente criar.
Com isso
tudo já faz aproximadamente vinte e três anos a nossa tarefa, difícil, porém
encantadora e recompensadora. Entendo a sua situação perante a este garotinho,
mas lembre-se, de que todas as crianças devem receber os mesmos tratamentos
para que elas nunca se sintam descriminadas.
Sei também
dos grandes laços de afinidade que envolve as pessoas é o que aconteceu entre
você e Alan.
Acredito
também que se fosse para você levar outra criança no lugar dele, para você não
seria a mesma coisa, não se contentaria com tal troca, não é mesmo?
Eu já não
entendia aonde ela queria chegar com toda aquela conversa, mas me contive em
escutá-la tranquilamente, apesar de ela já ter falado, por vinte minutos, e
seus discursos para mim não tinham fundamento.
- O caso de
Alan, já houve muitas pessoas, que como você teve o mesmo interesse e estiveram
prontos a adotá-lo, mas quando chegava a hora de
cumprir o nosso papel e informar a situação de cada criança, a total condição
de cada uma, mudavam de ideia fugindo da responsabilidade no mesmo instante.
E foi assim
que este anjo acabou por ficar conosco todo este tempo.
- Ele tem
alguma doença?
Exclamei.
- Sim, ele
teve um problema generalizado gravíssimo; sua mãe faleceu na hora do parto: era
portadora de “Leucemia” e ele também adquiriu a doença, uma herança indesejada!
Já estávamos
cientes de que uma hora ou outra este quadro iria se agravar e ele após ter
feito várias transfusões de sangue não iria resistir a mais uma.
- Mas agora
ele está bem? Vamos poder levá-lo? Perguntei a ela um tanto fatigado.
-
Infelizmente ocorreu nesta época acredito que ele está melhor que qualquer um
de nós; a triste realidade faz com que a gente aceite ou consiga conviver com
cada situação como uma etapa que não pode deixar de ser cumprida e temos que
acatar as ordens de Deus Pai, pois Ele sabe o que faz.
Quando
tivemos em mãos o pedido da ausência de Alan de nosso meio, ficamos
preocupados. Após uma reunião, os membros da Diretoria, decidiram convocar a
senhora Clarinda e expusemos a realidade a ela, sobre a condição de Alan e ela
concordou assim mesmo em levá-lo e com o intuito de agradá-lo e fazê-lo feliz
no curto tempo de vida que o restava, não só a ele como também a todos vocês.
Estávamos cientes
que o jovem senhor estivera fazendo uma viagem e foi nesse meio tempo que o
quadro clínico de Alan se agravou, apesar de termos tomado todas as
providências possíveis para salvá-lo e não obtivemos êxito e a vontade de Deus
foi maior.
Para poupar-lhe
tanto sofrimento, tirou-o deste mundo e o
levou para junto Dele.
Ele
estava tão lindo, pareceu estar tão feliz por ter concluído sua missão na
terra, um terno anjo!
Olhei para
os lados, encarei Clarinda, Tarcísio e Marco Aurélio, em cujos rostos havia
lágrimas; não me contive e disparei um enorme grito.
- Isto é
mentira! Diga que isto é mentira!
- Acalme-se,
meu querido, tente aceitar a vontade Divina como tem de ser. Não podemos
impedir a vontade do Pai Celeste.
Foi melhor
assim para aquela criaturinha, tão meiga e tão sofrida!
Já não
conseguia ver mais nada à minha frente. Sufoquei todo aquele sentimento, havia
morrido por dentro!
Só conseguia
sentir os braços de Tarcísio e Clarinda me abraçarem tentando passar uma
energia para que eu conseguisse me safar daquela terrível decepção e superar os
reais acontecimentos que o momento me ofertava.
Fui levado
dali, não me lembro como, mas estive em transe por algumas horas; o choque era
tão imenso que não me consolava uma sequer palavra, por mais que tentassem.
Minha vida
já não tinha mais sentido, todas as minhas forças se haviam esgotadas, não
havia motivo para prosseguir o meu caminho, que me pareceu tão cruel.
E me
perguntava sem obter uma resposta: Por que Deus fizera aquilo comigo? Por quê?
Acreditava
que não merecia tamanha barbaridade.
E o pior de
tudo: por que é que eu não estava ao lado dele na hora em que ele mais
precisara.
Eu não me
perdoava por isso.
As lágrimas
foram minhas companheiras destes momentos: eram gotas perdidas dos olhos de
quem chorou uma tristeza da vida, ou, algo muito forte que se acabou.
LÁGRIMAS
O amargo
sabor
Deste pranto
que corre
sobre meu
rosto
Da tristeza
que me invade
aos poucos
E acaba por
tomar conta de mim.
Lágrima, um
grande vazio
já me arrasa
Um
companheiro que deixou
a nossa casa
Que a morte
nos separou.
Lágrima, por
favor! Vá embora!
Deixa-me
livre agora
Vá procurar
outro lugar
Hoje
descobri que teu gosto
Já não sinto
mais
E me torna
tão infeliz
E eu preciso
sorrir
Para provar
que a alegria
em mim,
ainda existe!
Lágrima foi
presença até agora
Foi
companheira nas noites de outrora.
E eu,
preciso continuar
Continuar em
meu caminho
Sabendo que
não seguirei sozinho
E que sempre
haverá um alguém
a me
acompanhar.
E o passado,
as lágrimas, não
me farão
retornar!
CAPÍTULO 12
O SOFRIMENTO PERMANECIA
Já se havia
passado três semanas após o episódio mais triste e doloroso de minha
existência.
Não
conseguia sentir minhas forças diante das circunstâncias.
Tarcísio era
uma constante ao meu lado, era mais que um grande amigo, era um irmão por
consideração.
Todo o dia
lá estava ele tentando auxiliar e animar-me, fazendo com que eu retornasse a
minha vida, a minha rotina, procurando com tuas sábias, consoladoras e emotivas
palavras que eu acordasse novamente para a vida.
Havia
deixado uma parte de meus compromissos de lado, pois, não consegui nem voltar
para as aulas naquele ano, que era meu último ano do segundo grau (hoje Ensino
Médio).
Encontrei
apoio em muitas pessoas amigas, que em encorajavam tentando me conscientizar de
que a vida continuaria.
Recebi de
Tarcísio, por escrito, uma mensagem, que me tocou profundamente e eu li com,
muita atenção.
Sentia que
alguém também já havia passado por semelhante situação; reli várias vezes:
CAMINHOS
“Senhor,
em busca de curas bonançosas, segui na vida os plácidos caminhos, mas só pude
conhecer as rosas, ferindo minha mão na ponta dos espinhos.
Deus,
que derrama bênçãos dadivosas diluindo a aridez dos meus caminhos, não se faz
brotar espinhos entre as rosas, mas fez as rosas florir entre os espinhos.
Hoje
na vida são flores primorosas que encobriam as cores dos caminhos, se tenho na
alma a maciez das rosas, tive antes as picadas dos espinhos.
Na
glória viverei entre calmosas plagas de luz, de amor e de carinhos.
Senhor!
Minha coroa feita só de rosas, custou a tua feita só de espinhos... ”
Comecei a
querer aceitar os fatos, teria que contornar toda aquela situação.
Mesmo
achando difícil, impossível, mas eu teria que tentar e seguir em frente.
Mas, o
pensamento voltava todo instante àquele rosto angelical, que me despertara
tantos sonhos e pesadelos, tanto desejo de auxiliar alguém, e por que não,
ajudar os que ficaram?
Pensei muito
nesta hipótese!
Cheguei a
precisar fazer análise para poder me reconstruir.
Tudo parecia desabar dentro de mim como uma culpa que me perseguia
e imaginava que se eu não tivesse viajado e ficado ali ao lado dele nada
daquilo teria ocorrido.
Acreditava
nisto. Além da força e apoio de pessoas amigas e também com ajuda da análise
pude reverter esta situação, tirei o complexo de culpa que me rodeava.
E a vida
continuou...
CAPÍTULO 13
PROSSEGUIR DOS SONHOS
Dia após
dia, sonhava com Alan.
Sempre ouvia
sua voz soar levemente aos meus ouvidos “Vem me buscar, leve-me com você”.
Estendia os
braços pequeninos, mas eu não os alcançava.
Os sonhos se
repetiam e chegava a tornar-se pesadelos.
E o tempo
foi passando...
Já se haviam
passado um ano e pouca coisa havia mudado.
Os sonhos
tomavam novas formas e Alan também crescia nos meus sonhos e dizia palavras
diferentes.
- Não chore
por mim. Não é assim, que você pode me ajudar.
Tantos
precisam de você!!! Eu não sou o único, meus irmãozinhos precisam de teu apoio,
como eu já precisei também, mas agora não necessito mais e há muitos que
necessitam de sua grande atenção e carinho. Estou muito bem, não sinto mais
dores, não sofro como antes e sei que você me ama, como amo você, e em nome
desse amor eu peço que você “VIVA”. Viva intensamente, a cada momento como um
milagre que não poderá ser repetido. Encontrar-nos-emos um dia, estarei com
você. Não deixe de amar. Eu vivo e viverei sempre como um facho de luz a
clarear sua longa estrada. Serei o seu anjo-guardião e estarei com você sempre
e nada irá nos separar; nós seremos um só, perante Deus.
Anima-se,
retorne à sua vida, não quero mais vê-lo triste, chega de tristeza e
sofrimento, há muito para ser vivido, e para que estacionar no caminho?
Estarei
eternamente contigo!
CAPÍTULO 14
TUDO TOMA FORMA DIFERENTE
Acordei
feliz, estava completamente diferente, estava cheio de vida! Até de retornar
aos estudos eu tive uma vontade maior.
O sorriso de
meu olhar confirmava que ele retornaria; não sabia como, mas acreditei
subitamente nesta hipótese.
Conquistei
novas amizades, continuei sendo grande amigo de Tarcísio que neste período
estava de mudança para o exterior, onde havia conseguido uma bolsa de estudos.
Percebia que ele não queria me deixar, mas vendo que eu estava melhor ele iria
tranquilo.
Torci por
ele e na sua partida ele disse:
- Eu vou!
Ainda hei de ver você realizado, seu sucesso depende de você!
Lute por
esta causa!
Não fiquei
triste com sua ida, sabia que não estava perdendo um amigo, sentia-me
gratificado com a vitória dele, e o teria sempre próximo de mim, junto de meu
coração, em meu pensamento, por toda a existência.
Seria para
mim um eterno amigo.
Consegui
escrever para ele estas palavras:
AMIGO ETERNO
(Dedicado ao meu grande e eterno amigo Tarcísio Carlos Campos)
Amigo...
Embora
à distância nos separe,
A
saudade nos cale,
E
faz recordar...
Recordar
que te conheci.
Que
momentos difíceis e de felicidades
Vivi...
A
mim tu foste fiel,
Nestes
caminhos da vida, que
Às
vezes nos parece cruel.
Tenho
em ti,
Um
eterno amigo,
Um
companheiro,
Nenhuma barreira irá destruir,
Essa nossa grandiosa e abençoada
amizade.
O tempo se encarregará,
De fazermos recordar,
O quanto seremos felizes.
Amigo...
Não te canses da jornada,
Pois em cada alvorada,
Há um pássaro a cantar,
Uma felicidade a brilhar.
Em cada coração,
Com muita proteção,
Deus nos guiará...
Meu círculo de amizades crescia! Consegui também no
ano seguinte entrar no curso superior, festejei muito e sentia que estava
começando a me realizar, aquilo me era de grande importância e que eu estava novamente
vivendo.
Continuava mantendo contato com Tarcísio por
cartas, por telefone e seu incentivo a distância muito me apoiava e fortalecia.
No início foi-me difícil adaptar ao novo estilo de
vida.
Fui morar a trezentos quilômetros de onde morava; peguei
firme nos estudos que nem pensar dava tempo.
Com muita luta e dedicação, consegui concluir minha
Faculdade, havia formado em Psicologia e iniciei meu trabalho como Psicólogo na
área de Recursos Humanos de uma grande empresa.
Foi de grande valia para mim, o que era importante
é que eu estava feliz, sentia-me realizado pessoalmente e também
profissionalmente.
CAPÍTULO 15
O GRANDE ENCONTRO
O tempo passava e eu acreditava faltar ainda
algo para complementar meu trabalho.
Comecei a dar assistência, voluntariamente a um
orfanato, duas vezes por semana.
Algum tempo depois...
Fui a uma festa na casa de uma grande amiga, que
havia se formado comigo, era Denise e eu a admirava muito.
Ela me apresentou seu sobrinho, que morava com ela
porque o mesmo havia perdido seus pais em um acidente automobilístico.
Ela falava muito dele, portanto eu já o conhecia.
- Este é Aaron, meu
sobrinho!
Voltei para o garoto e fiquei imóvel à sua frente.
Não conseguia dizer uma só palavra, estava trêmulo
e confuso.
O garoto parecia também estar da mesma forma.
E ela.
- O que houve com os dois?
Voltei a mim e foi aí que eu consegui cumprimentar
o garoto.
Não me contive, abracei-o.
Parecia já o ter conhecido e ele também me
abraçara.
De seu rosto uma lágrima rolou sem que nós
soubéssemos os por quê?
Por muito tempo observei-o, achei muita semelhança,
os seus olhos azuis e loiros cabelos.
Era idêntico a Alan, ele aparentava ter seus dez
anos. Era muito inteligente e educado.
Parecia ter retornado ao passado e revivido alguns
momentos que mais me comoveram, não sabia o que pensar.
Busquei dentro de mim respostas convincentes e nada
obtive, mas estava pleno de felicidade.
Senti-me familiarizado com a família de Denise.
No final da festa após as pessoas estarem se
retirando pensei em ir embora também, mas fui barrado por Denise e Aaron que
não me deixaram sair.
Parei para
conversar com ela e chegamos ao assunto de Aaron, de seus ascendentes, sua
história e comentei de sua grande semelhança com Alan.
Teria Alan
renascido? E ela comentou:
- Deve ter
sido muito difícil, a sua grande prova nesta existência!
Passar o que
passou e manter vivo dentro de você um grande, abençoado e iluminado amor, que
Deus talvez tenha colocado em seu caminho para moldá-lo ou modificar o seu
trajeto de vida, por mérito ou por necessidade!
A vida nos
reserva muitas surpresas e temos de estar preparados para todas.
Ter a
certeza sempre, nada acontece por acaso; tudo tem um por que, para tudo existe
uma razão, Acredite nisso!
-Eu
acredito! Antes não me conformava. Mas agora tenho novos pensamentos e uma meta
a ser atingida...
Estou muito
feliz, me abalei um pouco com tamanha semelhança, mas isto não me deixou
triste.
Trouxe-me um
grande alivio, como se fosse um peso que eu carregava dentro de mim por muito
tempo e hoje saiu, sinto-me tão leve e aliviado como se um facho de luz me
envolvesse recarregando, deixando-me cheio de energias.
CAPÍTULO 16
O AMOR, A UNIÃO, NOS FÊZ FELIZES
Denise e eu
nos associamos, abrimos nosso próprio consultório, já estávamos namorando há
dois anos e resolvemos nos casar.
Aaron teve
grande importância em nossa relação.
Apegara-se a
mim como se eu fosse seu pai e eu o tinha como filho.
Denise
sofreu bruscamente com a morte da mãe, e só sentiu fortalecida por ter a mim e
a Aaron.
Éramos agora
nós três.
Casamo-nos e
era tudo natural, espontâneo.
Não
cobrávamos nada um do outro.
Nossos
pensamentos batiam, tínhamos a nossa liberdade para tudo e nada era escondido
um do outro.
Aaron estava
já com doze anos e demonstrava-se feliz com a nossa convivência, nada era
motivo para entristecer.
Estávamos no
auge da felicidade.
Uma grande
harmoniosa família!
Com muita
batalha conseguimos montar uma casa de assistência para menores carentes, onde
abrigávamos vinte e cinco crianças.
Toda nossa
tarefa era dividida. Eu tomava conta da parte financeira, Denise da Orientação
e Aaron da Diversão.
Tristeza não
encontrava espaço para se aproximar.
A nossa casa
de assistência recebera o nome “Uma luz no meu caminho”, nome que fora
escolhido por Aaron, após ter sonhado com Alan.
Ele lhe
pedira para ser este o nome e nós aceitamos.
Denise me
deixara bastante emocionado com a notícia de que estava grávida e já era quase
certeza.
Aaron e eu
ficávamos programando o que seria feito quando o bebê viesse, os nossos
passeios, onde iríamos levá-lo para conhecer.
Acreditávamos
que seria um garotinho, e nada tirava de nossa cabeça que não o seria. Denise,
às vezes brincava e dizia:
- Será uma garotinha! E ria.
O
tempo deslizava rapidamente.
Denise
completara a gestação e já dera entrada no hospital para dar à luz.
Após um dia
bastante agitado e chuvoso, depois de tanta correria, adormeci sentado na
poltrona e me vi diante de uma luz imensa que se aproximava lentamente, e
estendia em minha direção os braços.
- Lembra-se
de mim? Eu sou Alan, e disse a você que voltaria, ou melhor, que nunca o
deixaria!
Vim para
dizer e agradecer por ter me feito tão feliz este tempo todo.
Você me
recolheu em seu meio e estarei a todo instante de sua vida, em cada rosto de
cada criança aqui recolhida.
Eu estarei
presente! E estarei presente também daqui a algumas horas, refletido no seu
filhinho que chegará ao mundo.
Eu sou e
serei sempre “Uma luz no seu caminho”. Eu amo a você, e nada poderá romper o
compromisso deste amor!
Eis o seu
compromisso a ser levado adiante.
Siga em
frente. Beijou-me a face e se foi da mesma forma que viera, através das luzes
que o traziam.
Acordei com
uma lágrima a rolar e um sorriso estampado no rosto Aaron estava ao meu lado,
afagando-me os cabelos, e me abraçava dizendo:
- Acorde
preguiçoso! Temos que terminar nossos serviços e ir para o hospital. Você tem
visita: venha comigo! Pegou em minha mão e
me puxou pelo corredor da pequena casa, que parecia
grande, de tanta paz e harmonia.
Ao chegar à
sala de espera deparei com Tarcísio, que acabara de chegar do exterior para uma
visita. Abraçou-me demorada e saudosamente, com o mesmo carinho de quando havia
partido.
Em seguida o
telefone toca, Aaron atende e diz, gritando:
- Vamos
correndo para o hospital. Já nasceu o nosso filhinho: é um menino! Veio
correndo para meus braços, e chorávamos de tanta emoção!
Aaron,
Tarcísio e Eu seguimos para o hospital na maior felicidade.
FIM
Por mais atribulações que a vida nos
ofereça, temos de aceitá-la e estar cientes de que novos momentos virão para
concluir a nossa meta e alcançar a felicidade plena.
Composição do livro:
Desenho da Capa: Rafael Dias
Diagramação: JC Informática - Editoração Eletrônica
1ª Edição - 1998 - Curitiba - PR
Revisão: Professora Maria Helena Silva e Leonel (Agosto/1998)
Agradeço a todos os envolvidos neste trabalho e em
especial aos que eu usei o nome nos personagens criados, por toda força e apoio
dedicado para comigo, na época que este Conto foi escrito, destacando:
-
Aaron Esteves Debiasi
-
Denise O. Augusto (in memoriam)
-
Maria Helena Silva e Leonel (in memoriam)
-
Tarcísio Carlos Campos
Obrigado por teu apoio e acolhida! Fico aberto
aos comentários e sugestões! Até os próximos escritos! DEUS
seja sempre uma Luz no nosso caminho!
Sidney
Barbosa Junho/2015
email:
sidneybarbosactba@gmail.com