quarta-feira, 29 de abril de 2015

Livro: AARON, UMA LUZ NO MEU CAMINHO



(1ª Edição – Setembro de 1988).

Notas do Autor

Esta obra foi inspirada, não é um fato verídico e sim uma criação que existe dentro de cada um de nós, e relacionadas com nossa caminhada onde tudo é possível acontecer, mesmo na fantasia! Agradeço a Deus que me reveste de luz e forças para a realização de mais este trabalho concluído.



DEDICATÓRIA

Dedico esta obra com todo carinho, aos sonhadores, para pessoas de grande sensibilidade, enfim a todos aqueles que direta ou indiretamente tem me incentivado com meus escritos. Aos meus familiares, aos grandes e eternos amigos. A todos que fizeram ou fazem parte de minha caminhada.

AGRADECIMENTO

Agradeço esta dádiva divina, a todos àqueles que permanecem em nossos meios e também aos meus entes queridos que já partiram deste mundo e deixou todo potencial que trago dentro de mim, que nunca os esquecerei! Estarão sempre vivos em meu coração e com a mesma ternura que lhes dediquei em vida e que fortaleceram a minha existência.
Agradeço também pela grandiosa oportunidade concedida por Deus, de ter feito e estar fazendo parte dos corações de algumas crianças e adolescentes e ter compartilhado um pouco de meu calor humano e também ter muito carinho de vossas partes.


COMENTÁRIOS SOBRE O LIVRO:

Os difíceis momentos que a vida nos reserva, quando tumultos e atribulações nos envolvem, fazendo-nos baixar o índice de tolerância e compreensão, chegam a levar-nos ao desespero, aos maus pensamentos, descontrolando-nos intimamente, parecendo-nos não encontrar solução para nenhum problema, por menores que estes sejam ou pareçam ser. Então enfurecemo-nos, desconcertamos o nosso ego, colocamo-nos em um precipício sem saída, e não conseguimos enxergar um nada de bom à nossa frente. Esquecemo-nos de que ainda pode surgir algo, algum fato, que possa fortalecer as estruturas. Mas... eis que chega! Vem-nos ao encontro em forma de anjo.



Prefácio:

O Conto “Aaron, uma luz no meu caminho” é mais uma realização do grande sonho de Sidney Barbosa, jovem batalhador.
Foi em Andradina - SP que Sidney cursou os primeiros anos escolares, demonstrando, desde cedo, forte tendência para a literatura. Foi lá também, que escreveu seu primeiro livro, tão bem recebido por grande número de pessoas que lhe querem bem, incentivo para tantas outras obras.
Aaron, uma luz no meu caminho” é paranaense de Curitiba, pedacinho brilhante do Brasil, onde Sidney vive hoje, por opção. É um conto pautado pela sensibilidade de quem vive o cotidiano entre pessoas diferentes, aquelas que necessitam de afeto, de um ombro amigo, de calor humano. É uma narrativa que traduz vidas e olhos abertos para as desigualdades entre os humanos. São fatos diante dos quais não se concebe continuar alheio.
Menino de Orfanato, Aaron alimentava o grande desejo de viver as experiências do mundo cá de fora, e de ter uma Família no mundo do suposto Tio.
O relacionamento entre ambos, fraternal e cada vez mais envolvente, levava-os aos planos e às esperanças, Dentro de uma visão espiritualista, o livro ensina verdadeiras lições de vida: a ser paciente, caridoso, ... E em tempo hábil ter-se-ão os desejos realizados,  a    paz    que   tanto   se  almeja  e  a descoberta tanto de ser como de fazer alguém feliz. Segue sereno e o relato, até que em confronto com as expectativas, o desfecho toma outro rumo, que só mesmo o epílogo pôde amenizar. Em seus escritos, Sidney ratifica sua intensa fé no Criador e uma visão convicta de espiritualidade.
Embora pequenininha, muito me honra dirigir-lhe estas singelas palavras. Obrigada Sidney. Continue escrevendo. Todos nos iremos deste mundo, porém os anseios e as ideias transcendem a nossa trajetória e o próprio tempo, porque foram cunhados como arte, em forma de LIVRO.

                 Araçatuba - SP, 04 de agosto, 1998.

                 Profª Maria Helena Silva e Leonel


CAPÍTULO 1


UM VAZIO

Havia uma ansiedade dentro de mim, que tomava conta de todo meu ser. Eu me via em constante desespero, sem saber a razão, ou até mesmo entender os porquês.
Procurava satisfazer meu ego, tentando transformar em amor tudo o que me rodeava, ou, tudo que eu pudesse ver ou tocar.
Buscava a cada dia, a cada instante uma razão nova para viver.
Tudo por mais que eu buscasse não me satisfazia; havia ainda um grande vazio que me tomava por completo, parecendo faltar complemento, algo que eu não saberia perceber o que era.
Às vezes conseguia me realizar, mas não por completo, em meio às crianças, que em sua plena inocência, me transmitiam um pouco de tranquilidade e conforto.
Mas tudo ainda era passageiro.
Comecei a me dedicar a trabalhos junto a crianças órfãs, e para amenizar suas carências afetivas, eu conseguia transmitir um pouco de amor e carinho a elas, através de eventos realizados por grupos de amigos.
Mas o pior de tudo era que me faltava algo para preencher um espaço que existia dentro de mim! E quanto mais eu fazia, mais o espaço parecia aumentar!!!
Sentia faltar entusiasmo e ainda não era aquilo de que realmente eu necessitava; continuava faltando! O vazio ainda me tomava por completo.
Precisando encontrar alguma forma para preencher este vazio.





CAPÍTULO 2


 

APÓS UMA TARDE NO ORFANATO



Era uma tarde ensolarada de sábado. Organizamos junto ao grupo de jovens uma gincana dentro de um orfanato, onde, em meio a várias atividades artísticas, pudemos conviver com a alegria de toda aquela garotada.
O sorriso de seus olhares parecia estar, hipnotizados pela tamanha alegria, satisfação e pela emoção.
Só que o tempo pareceu curto demais para tal realização!
Mas foi aceita, com muito sucesso, uma excelente atividade recreativa, muito lisonjeada e bastante comentada pelos integrantes da organização, dirigentes do local, e demais pessoas que tiveram a oportunidade de assistir ao nosso tão grandioso e valioso evento.
Após o término da festança, nos retiramos comovidos e aliviados pela gratidão que nos envolvia e pela satisfação do dever cumprido.
Já se haviam passado aproximadamente três horas da realização do evento, bastante cansado e com o pensamento voltado para aquelas meigas e amáveis crianças, eu sentia alguma coisa tomar conta de mim com maior resistência e insistência.
Não era dó, compaixão nunca tinha sido meu lema, acreditava que cada qual que ali estivesse teria sua missão, algum motivo para estar ali, reparando ou resgatando alguma falha, ou para seu aprimoramento, ou até mesmo, para sua evolução.
Adormeci rapidamente...
Vi-me envolvido naquele mesmo ambiente onde passava à tarde com toda aquelas queridas e iluminadas crianças.
Ouvia ainda seus gritos de alegria e todos os fatos ocorridos voltaram intensamente para meu pensamento como se eu os tivesse revivendo.
Quão grandiosos momentos!
Surgiram à frente com maior eficácia, como uma gravação e permitiu que eu pudesse analisar e rever com mais atenção e coerência, apontando falhas, e buscando até melhorá-los e aprimorá-las para o próximo evento junto a aquelas crianças, tão dóceis e admiráveis.




CAPÍTULO 3



NO SONHO



          Revivi todas as cenas que haviam passado naquela tarde.
Deparei-me com um garoto, que me pedia algumas explicações sobre as brincadeiras ali feitas.
         Quando olhei em seus olhos, me vi paralisado, sem forças para mover-me; as lágrimas caiam de meu rosto e sem saber o porquê de tal situação; aqueles pequeninos olhos azuis espelhando raios fortíssimos em minha direção, como se algo tivesse me dominado completamente e me fazendo cobranças que eu não sabia do que se tratava.
         Desconhecia as razões das lágrimas! Não me contive: abracei-o como se tivesse abraçando meu próprio filho! E ele, chorou junto comigo.
         Soluçava desesperadamente, agarrando-me o pescoço, me pedindo que não o deixasse, não o abandonasse novamente, não o deixasse naquele lugar, não demorasse a buscá-lo como eu já havia feito anteriormente.
        Precisaria tirá-lo rapidamente; não o deixando sofrer mais do que já havia sofrido...
        E eu não conseguia entender os seus lamentos, o seu ponto de vista, mas ao mesmo tempo eu sentia conhecer os fatos, as situações.
       Acordei, acordei assustado e minha cabeça doía tão forte que não conseguia parar, a fim de pensar.
       Acordei em desespero, com o travesseiro molhado pelas lágrimas.
       E não conseguia entender nada. E mesmo que eu me esforçasse, não poderia compreender!
       O que significava aquilo tudo! Estava sonhando, talvez tendo um pesadelo.
       Não estava raciocinando normalmente, havia uma busca a ser feita, mas, buscar o quê? E por quê?




CAPÍTULO 4


VISITAR NOVAMENTE O ORFANATO


       Os sonhos com aquele garoto se repetiram por várias vezes.
       Não tive coragem de comentar com alguém.
      Alguma coisa me perturbava ainda mais. Parecia que estava para descobrir ou desvendar algum mistério, um mistério torturador.
      Esperava sempre que o sonho viesse complementar o que havia ficado sem ser esclarecido.
      Eu me imaginava, aos dezessete anos, em plena juventude com tudo aquilo martirizando minha cabeça.
      Fui novamente ao orfanato com meus parentes.
      Ao chegar lá, o primeiro garoto que avistei foi aquele marcante garoto de meus sonhos.
     Aparentava ter seus seis anos, e lentamente foi se aproximando de mim e perguntou:
     -   Tio, você já veio me buscar?
     Olhei para seus pequeninos olhos azuis e alisei seus loiros cabelos e não me contendo abracei-o, demoradamente.
      Aquilo tudo irradiava paz, uma grande força, um imenso carinho, como se ele me pertencesse, um alguém tão querido por mim, parecendo fazer tanto tempo, e era apenas a segunda vez que eu o via pessoalmente, e outras, apenas nos sonhos.
     Fiquei por longas horas brincando com as crianças inclusive com meu companheirinho de meus repetitivos sonhos. Eu não queria que as horas passassem; gostaria que o tempo parasse naquele instante para poder ficar mais do seu lado, encontrar alguma resposta para tudo.
     Tudo que me afligia naqueles momentos.




CAPÍTULO 5

A TRISTE RETIRADA


      A triste hora de se retirar havia chegado. A grande e sofrida hora da despedida.
      Foi dando um aperto no coração e um nó na garganta ao ter que deixá-lo.
      Um sofrimento misturado com emoção, não conseguia controlar aquela momentânea e desesperadora situação.
      Um significado sem explicação, ainda mais para mim que ainda em plena juventude, com tantos planos de futuro, sabia apenas que tinha um motivo, tinha uma razão, tinha um por que, só que eu não conseguia desvendar!
      Uma promessa foi feita em meus pensamentos: eu voltaria para buscá-lo e não iria demorar, e também não saberia explicar ou imaginar como! Mas eu faria isto!
      Senti a grande dor de ter que deixá-lo e não poder fazer nada.
      Em pranto nos despedimos e ele disse:
      - Vem me buscar logo, tá? não vai demorar, tá? estou te esperando, tá? Eu te amo muito, tá?
      - Está bem, eu volto, eu volto!
      Estava totalmente tomado pela ocasião, parecia uma história de novela, de filme, sei lá mais o que parecia aquilo tudo que eu estava vivenciando.
      Fui saindo devagar com minha tia e minha prima que me abraçaram comovidas com aquela cena assistida.
      Eu ainda pude observar, quando uma senhora o abraçou carinhosamente e o levou para dentro do prédio através daquele longo corredor, que eu vi perder de vista.




CAPÍTULO 6


AO CHEGAR EM CASA


        Nada parecia ter sentido para mim.
        Surgiram vários comentários entre nós e até a hipótese de trazê-lo nos finais de semana para ficar com minha família, o que seria uma forma de me animar também.
        Sorri, porém, contudo, não hesitei ao acatar esta sugestão dada por minha prima Clarinda, pois eu residia com eles na época, e eles eram demais atenciosos comigo e faziam de tudo para me agradarem, sempre demonstrando grande atenção e carinho por mim.
       Mesmo em meu silêncio chorei por dentro. Aquele meigo garotinho não me saía do pensamento; uma imagem carente e carinhosa me seguia a todo o momento, que fazia com que me envolvesse em seus abraços por longos instantes, apenas nos meus pensamentos.
      Tentava esquecê-lo, mas só conseguia por alguns minutos, e logo retornava com mais intensidade e frequência em minha mente.
      Já não conseguia dormir direito. Acordava por várias vezes, assustado, com ele próximo de mim, chamando e pedindo para que eu fosse buscá-lo.
      Diante esta situação, eu me abri com Clarinda.
      Foi então que resolveram oficializar o pedido, de permissão para ficarmos com ele em alguns finais de semana.
      Meu pensamento voou mais longe.
      Eu acreditava que eles o adotariam após esta permanência conosco em apenas um final de semana.
     Foi encaminhado o pedido e eu estava no auge de minha felicidade, que me fez descobrir dons artísticos dentro de mim, jamais acontecidos antes.
     Eu estava me preparando, como um pai se prepara para receber seu primeiro e tão esperado filho.
     Comecei a criar condições de recebê-lo da melhor forma possível; em festa, com enfeites por todos os lados da casa, exageradamente!
     Criei com meus primos chapeuzinhos em forma de coroa real.
     Era assim que ele seria recebido, como um príncipe.
     Apesar de estar ciente da demora por alguns longos dias, no que dizia respeito à permissão por parte daquela Instituição, onde ele ainda permanecia.
     Mas contava ansioso pelos dias que passavam devagar e ao mesmo tempo tão rapidamente.
     E eu continuava a visitá-lo com certa frequência nos finais de semana e quando era o momento de me retirar, era sempre a mesma coisa: eu voltava para casa, corroído por dentro, carregando comigo a grande dor e a vontade de trazê-lo, não ficar longe dele um momento sequer.
     E não conseguindo entender as razões que nos envolviam tanto, eu, apenas um jovem ainda, descobrindo os valores pessoais de minha fase, minhas diversões, coisas da idade, estava deixando tudo para trás para viver um dilema que me causava muito medo e às vezes me levava ao desespero.
     Parecia estar vivendo pela metade.
     E não entendia que laços eram esses, que nos unia?



CAPÍTULO 7


A VIAGEM




     Os dias iam passando... 
     Tivemos o retorno por parte da direção do orfanato: que poderíamos ficar com ele na segunda quinzena do mês de janeiro, sendo que estávamos ainda no dia dois deste mês. E eu tinha uma viagem de férias de dez dias, já programada à tempos. 
     Pensei em cancelar, mas me fizeram mudar de opinião, argumentando que já estava tudo organizado e o restante das coisas, minha prima e amiga, me garantiu cuidar dos finalmente. 
     E ainda que fosse bom para mim, pois assim que retornasse, dentro de dois dias eu receberia o grande príncipe, assim que passaram a chamar o tempo inteiro. 
     Eu senti que precisava disto para pôr minha cabeça no lugar, pois já estava fora de órbita há alguns dias. 
     Foram os dez dias mais longos de minha vida; parecia não acabar nunca. Por mais agradável que fosse aquela turminha, uma proveitosa viagem, meu pensamento não estava ali e sim voltada para aquele garotinho que me acompanhava em todos os lugares: nos sonhos, no pensamento, dentro do coração.  
     Como gostaria que ele estivesse ali comigo, pessoalmente! 
     Foi nesta viagem que me tornei amigo de Tarcísio, ao qual confiei toda situação e ele me deu a maior força e apoiou-me.  
     Tentava me distrair o tempo inteiro, fazia com que meu pensamento não estivesse longe dali. 
     Foi para mim um amigo, um irmão, e talvez por ter quase a minha idade devesse pensar em divertir com os demais e não ficar me pajeando o tempo todo na praia onde estávamos.Todos pareciam felizes e parecia não ter problema algum. 
     E eu naquela aflição incalculável! 
     E com a ajuda e convívio do pessoal, consegui amenizar minha angústia interna.





CAPÍTULO 8

UM CONFORTO AMIGO



     Tarcísio, conhecedor de minha ansiedade e confortando-me com suas palavras, achou conveniente dar algo para eu ler. Ele analisou toda a situação e colocou em um papel o que ele sentia a respeito de tudo aquilo.


Amigo,

     Não tive irmão, fui órfão, não conheci meus pais, pois sou adotivo e quero muito bem quem me concedeu a graça de poder ter um lar, uma família, muito carinho e uma grande proteção.
     E pelo pouco que o conheço, sinto-me como se tivesse ganhado um irmão, um grande companheiro, pelo qual tenho imensa admiração, passou a representar muito para a minha existência e que podes contar comigo sempre.
     Tenha paciência, tenha cautela, e crê que Deus olha por nós.
     Seus gestos, seus pensamentos são magníficos e nobres, mas nem tudo é como a gente quer que seja. O destino nos reserva surpresas!
     Embora tudo, lute por aquilo que acredita, mas lute mesmo e em tudo terá a recompensa Divina.
     Conte comigo, hoje, o agora e por toda a eternidade.
     Deste teu eterno amigo, e mesmo que um dia estiver distantes um do outro, você estará presente a todo o momento no meu pensamento e no coração. “Amizade é sentir-se perto, mesmo quando se esteja distante”. Grande abraço fraternal,

Tarcísio


     Estas palavras muito me incentivaram e deram motivos e forças, para eu sentir que nunca estaria só. 
     Havia alguém disposto a dividir comigo as minhas condições de vida, as minhas buscas, os meus pensamentos, até mesmo as minhas ideologias de momento. 
     Foi concluído o passeio: aquela longa e curta viagem acabou. 
     Retornamos à nossa cidade de origem. 
     E eu estava tão feliz, por retornar...







CAPÍTULO 9



OS PREPARATIVOS FINAIS DA GRANDE VISITA



Cheguei a casa numa quarta-feira, e faltavam apenas três dias para receber a tão grande e esperada visita.
Senti no ar que alguma coisa não estava bem por ali; havia algo estranho e suspenso nos olhares de meus parentes, acreditei ser coisa de minha imaginação e fui organizando os detalhes da festinha do pequeno príncipe que ali estaria em poucos dias.

Todos os meus parentes, inclusive meu grande amigo Tarcísio, que já era familiar, estavam ali colaborando para o grande acontecimento.

Foram três dias de muita expectativa e alegria para mim, e às vezes pegava minha prima pelos cantos com lágrimas e acreditava serem coisas do emocional.
Fiz o possível para aguardar o grande dia, mas queria ir vê-lo, antes. Só que meu primo Marco Aurélio pediu-me que agüentasse e aguardasse a hora exata, que seria mais comovente e emocionante. Foi então que consegui acostumar-me com a difícil ideia.
Mas não conseguia entender por que minha prima Clarinda fugia de mim; quase não parávamos para conversar, o que era de se estranhar, pois ela vivia o tempo inteiro ao meu lado, perguntando-me tudo, e naquele dia nem ao menos parou para saber como foi a minha viagem! Estranhei!!
Na quinta para sexta-feira sonhei novamente com ele, que chorava desesperadamente, pedindo-me que o buscasse logo e que não demorasse tanto.
Acordava em pranto.
Mas com que me preocupar, afinal se era o grande e maravilhoso dia de buscá-lo!
Era um grande alivio, a grande e fortalecida recompensa chegava, prestes a findar o meu desespero, a minha ansiedade, os constantes pesadelos.                 
Isto tudo, já não me acompanharia mais, só tinha que controlar os impulsos até chegar quatorze horas para buscá-lo.        
Quase não almocei neste dia e parece que a falta de apetite também rodeou os demais daquela casa, apenas beliscaram a comida e não insistiram, largando a mesa um a um.
Chegava finalmente à abençoada hora, saímos em seguida para buscar a mais preciosa criatura, a busca maravilhosa.
Todo empolgado fui acompanhado de meu amigo Tarcísio, que parecia tão ansioso quanto eu, de Clarinda e Marco Aurélio.
Lá fomos nós, Clarinda por várias vezes chorou no caminho e não soltou uma só palavra e foi motivo para que eu debochasse dela e em tom de zoeira a chamasse de “mamãe coruja” ou “titia coruja”, pois tudo para mim era motivo de festa, muita festa.




CAPÍTULO 10



CHEGADA AO ORFANATO


Lá chegando eu estava demais esperançoso para vê-lo.
Senti naquele momento algo que me atormentava e apertava fortemente o meu peito e doía tudo por dentro, tive vontade de chorar e não sabia o porquê, mas, fui forte o suficiente para me controlar.
Ao descer do carro, observei o lugar de sempre em que o encontrava, mas não o avistei, acreditei estar arrumando-se para o passeio.
Foi durante todo o tempo calada que só naquele momento minha prima soltou a voz.
- Vá com calma! Pondere seus impulsos, saiba ser paciente, tolerante e confie em Deus acima de tudo e acredite que para tudo existe uma razão e um por que.
Não consegui entender o que ela queria dizer, mas não conseguiram tocar-me naquele momento as suas sábias palavras.
Meu coração batia acelerado, cada vez mais, parecia querer sair pela boca, quando avistei uma das zeladoras.
Ela já vinha ao nosso encontro como se tivesse nos aguardando.
Gentilmente abriu o portão e disse:
- Sejam bem vindos...
Não me contive e perguntei:
- Onde está Alan?
Muda e cabisbaixa ela pediu-nos que a acompanhássemos até a diretoria.
Adentramos o longo corredor e no caminho observei cuidadosamente, mas não o avistei; parecia fazer tanto tempo que eu não aparecia!! Percebi que tudo estava diferente, parecia tudo tão triste!
Ainda continuava com o fixo pensamento de que ele estava sendo preparado para o passeio e por isso meus olhos não o alcançaram.
Por todos os momentos estiveram ao meu lado. Clarinda, Marco Aurélio e Tarcísio que me faziam sentir ainda mais fortalecido. Chegamos à sala da diretora.
Uma voz suave veio ao nosso encontro.
- Entrem, por favor! Tenham a bondade de sentarem-se meus filhos, e que sejam sempre bem vindos à nossa humilde casa.
Uma senhora tão diferente, parecia transmitir, tanta força, tanto carinho através de suas palavras.
Uma pessoa que com sua voz me dominava por completo!


CAPÍTULO 11


A GRANDE RIVALIDADE DA VIDA




Fomos tão bem recebidos por aquela nobre senhora que aparentava ter seus cinquenta anos.
Então meu caro jovem, você é a pessoa em quem despertou tão grande afinidade por Alan?
- Sim senhora, respondi.
- Meu querido, nós temos aqui no momento, neste lugar, sessenta e duas crianças nas mesmas condições de Alan e na maioria das vezes, foram deixadas por suas mães (quase sempre solteiras), que não se achavam em condição de criar o filho. Deixavam para adoção, ou até mesmo para a gente criar.
Com isso tudo já faz aproximadamente vinte e três anos a nossa tarefa, difícil, porém encantadora e recompensadora. Entendo a sua situação perante a este garotinho, mas lembre-se, de que todas as crianças devem receber os mesmos tratamentos para que elas nunca se sintam descriminadas.
Sei também dos grandes laços de afinidade que envolve as pessoas é o que aconteceu entre você e Alan.
Acredito também que se fosse para você levar outra criança no lugar dele, para você não seria a mesma coisa, não se contentaria com tal troca, não é mesmo?
Eu já não entendia aonde ela queria chegar com toda aquela conversa, mas me contive em escutá-la tranquilamente, apesar de ela já ter falado, por vinte minutos, e seus discursos para mim não tinham fundamento.
- O caso de Alan, já houve muitas pessoas, que como você teve o mesmo interesse e estiveram prontos a adotá-lo, mas quando  chegava  a  hora  de cumprir o nosso papel e informar a situação de cada criança, a total condição de cada uma, mudavam de ideia fugindo da responsabilidade no mesmo instante.
E foi assim que este anjo acabou por ficar conosco todo este tempo.
- Ele tem alguma doença?
Exclamei.
- Sim, ele teve um problema generalizado gravíssimo; sua mãe faleceu na hora do parto: era portadora de “Leucemia” e ele também adquiriu a doença, uma herança indesejada!
Já estávamos cientes de que uma hora ou outra este quadro iria se agravar e ele após ter feito várias transfusões de sangue não iria resistir a mais uma.
- Mas agora ele está bem? Vamos poder levá-lo? Perguntei a ela um tanto fatigado.
- Infelizmente ocorreu nesta época acredito que ele está melhor que qualquer um de nós; a triste realidade faz com que a gente aceite ou consiga conviver com cada situação como uma etapa que não pode deixar de ser cumprida e temos que acatar as ordens de Deus Pai, pois Ele sabe o que faz.
Quando tivemos em mãos o pedido da ausência de Alan de nosso meio, ficamos preocupados. Após uma reunião, os membros da Diretoria, decidiram convocar a senhora Clarinda e expusemos a realidade a ela, sobre a condição de Alan e ela concordou assim mesmo em levá-lo e com o intuito de agradá-lo e fazê-lo feliz no curto tempo de vida que o restava, não só a ele como também a todos vocês.
Estávamos cientes que o jovem senhor estivera fazendo uma viagem e foi nesse meio tempo que o quadro clínico de Alan se agravou, apesar de termos tomado todas as providências possíveis para salvá-lo e não obtivemos êxito e a vontade de Deus foi maior.     
Para poupar-lhe tanto sofrimento, tirou-o deste mundo e o
levou para junto Dele.
         Ele estava tão lindo, pareceu estar tão feliz por ter concluído sua missão na terra, um terno anjo!
Olhei para os lados, encarei Clarinda, Tarcísio e Marco Aurélio, em cujos rostos havia lágrimas; não me contive e disparei um enorme grito.
- Isto é mentira! Diga que isto é mentira!
- Acalme-se, meu querido, tente aceitar a vontade Divina como tem de ser. Não podemos impedir a vontade do Pai Celeste.
Foi melhor assim para aquela criaturinha, tão meiga e tão sofrida!
Já não conseguia ver mais nada à minha frente. Sufoquei todo aquele sentimento, havia morrido por dentro!
Só conseguia sentir os braços de Tarcísio e Clarinda me abraçarem tentando passar uma energia para que eu conseguisse me safar daquela terrível decepção e superar os reais acontecimentos que o momento me ofertava.
Fui levado dali, não me lembro como, mas estive em transe por algumas horas; o choque era tão imenso que não me consolava uma sequer palavra, por mais que tentassem.
Minha vida já não tinha mais sentido, todas as minhas forças se haviam esgotadas, não havia motivo para prosseguir o meu caminho, que me pareceu tão cruel.
E me perguntava sem obter uma resposta: Por que Deus fizera aquilo comigo? Por quê?
Acreditava que não merecia tamanha barbaridade.
E o pior de tudo: por que é que eu não estava ao lado dele na hora em que ele mais precisara.
Eu não me perdoava por isso.
As lágrimas foram minhas companheiras destes momentos: eram gotas perdidas dos olhos de quem chorou uma tristeza da vida, ou, algo muito forte que se acabou.

LÁGRIMAS

O amargo sabor
Deste pranto que corre
sobre meu rosto
Da tristeza que me invade
aos poucos
E acaba por tomar conta de mim.
Lágrima, um grande vazio
já me arrasa
Um companheiro que deixou
a nossa casa
Que a morte nos separou.
Lágrima, por favor! Vá embora!
Deixa-me livre agora
Vá procurar outro lugar
Hoje descobri que teu gosto
Já não sinto mais
E me torna tão infeliz
E eu preciso sorrir
Para provar que a alegria
em mim, ainda existe!
Lágrima foi presença até agora
Foi companheira nas noites de outrora.
E eu, preciso continuar
Continuar em meu caminho
Sabendo que não seguirei sozinho
E que sempre haverá um alguém
a me acompanhar.
E o passado, as lágrimas, não
me farão retornar!





CAPÍTULO 12


O SOFRIMENTO PERMANECIA


Já se havia passado três semanas após o episódio mais triste e doloroso de minha existência.
Não conseguia sentir minhas forças diante das circunstâncias.
Tarcísio era uma constante ao meu lado, era mais que um grande amigo, era um irmão por consideração.
Todo o dia lá estava ele tentando auxiliar e animar-me, fazendo com que eu retornasse a minha vida, a minha rotina, procurando com tuas sábias, consoladoras e emotivas palavras que eu acordasse novamente para a vida.
Havia deixado uma parte de meus compromissos de lado, pois, não consegui nem voltar para as aulas naquele ano, que era meu último ano do segundo grau (hoje Ensino Médio).
Encontrei apoio em muitas pessoas amigas, que em encorajavam tentando me conscientizar de que a vida continuaria.
Recebi de Tarcísio, por escrito, uma mensagem, que me tocou profundamente e eu li com, muita atenção.
Sentia que alguém também já havia passado por semelhante situação; reli várias vezes:

CAMINHOS

“Senhor, em busca de curas bonançosas, segui na vida os plácidos caminhos, mas só pude conhecer as rosas, ferindo minha mão na ponta dos espinhos.
Deus, que derrama bênçãos dadivosas diluindo a aridez dos meus caminhos, não se faz brotar espinhos entre as rosas, mas fez as rosas florir entre os espinhos.
Hoje na vida são flores primorosas que encobriam as cores dos caminhos, se tenho na alma a maciez das rosas, tive antes as picadas dos espinhos.
Na glória viverei entre calmosas plagas de luz, de amor e de carinhos.
Senhor! Minha coroa feita só de rosas, custou a tua feita só de espinhos... ”

Comecei a querer aceitar os fatos, teria que contornar toda aquela situação.
Mesmo achando difícil, impossível, mas eu teria que tentar e seguir em frente.
Mas, o pensamento voltava todo instante àquele rosto angelical, que me despertara tantos sonhos e pesadelos, tanto desejo de auxiliar alguém, e por que não, ajudar os que ficaram?
Pensei muito nesta hipótese!
Cheguei a precisar fazer análise para poder me reconstruir.                 Tudo parecia desabar dentro de mim como uma culpa que me perseguia e imaginava que se eu não tivesse viajado e ficado ali ao lado dele nada daquilo teria ocorrido.
Acreditava nisto. Além da força e apoio de pessoas amigas e também com ajuda da análise pude reverter esta situação, tirei o complexo de culpa que me rodeava.
E a vida continuou...






CAPÍTULO 13



PROSSEGUIR DOS SONHOS


Dia após dia, sonhava com Alan.
Sempre ouvia sua voz soar levemente aos meus ouvidos “Vem me buscar, leve-me com você”.
Estendia os braços pequeninos, mas eu não os alcançava.
Os sonhos se repetiam e chegava a tornar-se pesadelos.
E o tempo foi passando...
Já se haviam passado um ano e pouca coisa havia mudado.
Os sonhos tomavam novas formas e Alan também crescia nos meus sonhos e dizia palavras diferentes.
- Não chore por mim. Não é assim, que você pode me ajudar.
Tantos precisam de você!!! Eu não sou o único, meus irmãozinhos precisam de teu apoio, como eu já precisei também, mas agora não necessito mais e há muitos que necessitam de sua grande atenção e carinho. Estou muito bem, não sinto mais dores, não sofro como antes e sei que você me ama, como amo você, e em nome desse amor eu peço que você “VIVA”. Viva intensamente, a cada momento como um milagre que não poderá ser repetido. Encontrar-nos-emos um dia, estarei com você. Não deixe de amar. Eu vivo e viverei sempre como um facho de luz a clarear sua longa estrada. Serei o seu anjo-guardião e estarei com você sempre e nada irá nos separar; nós seremos um só, perante Deus.
Anima-se, retorne à sua vida, não quero mais vê-lo triste, chega de tristeza e sofrimento, há muito para ser vivido, e para que estacionar no caminho?
Estarei eternamente contigo!




CAPÍTULO 14



TUDO TOMA FORMA DIFERENTE


Acordei feliz, estava completamente diferente, estava cheio de vida! Até de retornar aos estudos eu tive uma vontade maior.
O sorriso de meu olhar confirmava que ele retornaria; não sabia como, mas acreditei subitamente nesta hipótese.
Conquistei novas amizades, continuei sendo grande amigo de Tarcísio que neste período estava de mudança para o exterior, onde havia conseguido uma bolsa de estudos. Percebia que ele não queria me deixar, mas vendo que eu estava melhor ele iria tranquilo.
Torci por ele e na sua partida ele disse:
- Eu vou! Ainda hei de ver você realizado, seu sucesso depende de você! 
Lute por esta causa!
Não fiquei triste com sua ida, sabia que não estava perdendo um amigo, sentia-me gratificado com a vitória dele, e o teria sempre próximo de mim, junto de meu coração, em meu pensamento, por toda a existência. 
Seria para mim um eterno amigo. 
Consegui escrever para ele estas palavras:


                     AMIGO ETERNO
    (Dedicado ao meu grande e eterno amigo Tarcísio Carlos Campos)

Amigo...
Embora à distância nos separe,
A saudade nos cale,
E faz recordar...
Recordar que te conheci.
Que momentos difíceis e de felicidades
Vivi...
A mim tu foste fiel,
Nestes caminhos da vida, que
Às vezes nos parece cruel.
Tenho em ti,
Um eterno amigo,
Um companheiro,
Nenhuma barreira irá destruir,
Essa nossa grandiosa e abençoada amizade.
O tempo se encarregará,
De fazermos recordar,
O quanto seremos felizes.
Amigo...
Não te canses da jornada,
Pois em cada alvorada,
Há um pássaro a cantar,
Uma felicidade a brilhar.
Em cada coração,
Com muita proteção,
Deus nos guiará...


Meu círculo de amizades crescia! Consegui também no ano seguinte entrar no curso superior, festejei muito e sentia que estava começando a me realizar, aquilo me era de grande importância e que eu estava novamente vivendo.
Continuava mantendo contato com Tarcísio por cartas, por telefone e seu incentivo a distância muito me apoiava e fortalecia.
No início foi-me difícil adaptar ao novo estilo de vida. 
Fui morar a trezentos quilômetros de onde morava; peguei firme nos estudos que nem pensar dava tempo. 
Com muita luta e dedicação, consegui concluir minha Faculdade, havia formado em Psicologia e iniciei meu trabalho como Psicólogo na área de Recursos Humanos de uma grande empresa.
Foi de grande valia para mim, o que era importante é que eu estava feliz, sentia-me realizado pessoalmente e também profissionalmente.





CAPÍTULO 15


O GRANDE ENCONTRO


 O tempo passava e eu acreditava faltar ainda algo para complementar meu trabalho.
Comecei a dar assistência, voluntariamente a um orfanato, duas vezes por semana.
Algum tempo depois...
Fui a uma festa na casa de uma grande amiga, que havia se formado comigo, era Denise e eu a admirava muito.
Ela me apresentou seu sobrinho, que morava com ela porque o mesmo havia perdido seus pais em um acidente automobilístico.
Ela falava muito dele, portanto eu já o conhecia.
         - Este é Aaron, meu sobrinho!
Voltei para o garoto e fiquei imóvel à sua frente.
Não conseguia dizer uma só palavra, estava trêmulo e confuso.                   
O garoto parecia também estar da mesma forma.
E ela.
         - O que houve com os dois?
Voltei a mim e foi aí que eu consegui cumprimentar o garoto.
Não me contive, abracei-o.
Parecia já o ter conhecido e ele também me abraçara.
De seu rosto uma lágrima rolou sem que nós soubéssemos os por quê?
Por muito tempo observei-o, achei muita semelhança, os seus olhos azuis e loiros cabelos.
Era idêntico a Alan, ele aparentava ter seus dez anos. Era muito inteligente e educado.
Parecia ter retornado ao passado e revivido alguns momentos que mais me comoveram, não sabia o que pensar.
Busquei dentro de mim respostas convincentes e nada obtive, mas estava pleno de felicidade.
Senti-me familiarizado com a família de Denise.
No final da festa após as pessoas estarem se retirando pensei em ir embora também, mas fui barrado por Denise e Aaron que não me deixaram sair.
Parei para conversar com ela e chegamos ao assunto de Aaron, de seus ascendentes, sua história e comentei de sua grande semelhança com Alan.
Teria Alan renascido? E ela comentou:
- Deve ter sido muito difícil, a sua grande prova nesta existência!
Passar o que passou e manter vivo dentro de você um grande, abençoado e iluminado amor, que Deus talvez tenha colocado em seu caminho para moldá-lo ou modificar o seu trajeto de vida, por mérito ou por necessidade!
A vida nos reserva muitas surpresas e temos de estar preparados para todas.
Ter a certeza sempre, nada acontece por acaso; tudo tem um por que, para tudo existe uma razão, Acredite nisso!
-Eu acredito! Antes não me conformava. Mas agora tenho novos pensamentos e uma meta a ser atingida...
Estou muito feliz, me abalei um pouco com tamanha semelhança, mas isto não me deixou triste.
Trouxe-me um grande alivio, como se fosse um peso que eu carregava dentro de mim por muito tempo e hoje saiu, sinto-me tão leve e aliviado como se um facho de luz me envolvesse recarregando, deixando-me cheio de energias.



CAPÍTULO 16


O AMOR, A UNIÃO, NOS FÊZ FELIZES

Denise e eu nos associamos, abrimos nosso próprio consultório, já estávamos namorando há dois anos e resolvemos nos casar.
Aaron teve grande importância em nossa relação.
Apegara-se a mim como se eu fosse seu pai e eu o tinha como filho.
Denise sofreu bruscamente com a morte da mãe, e só sentiu fortalecida por ter a mim e a Aaron.
Éramos agora nós três.
Casamo-nos e era tudo natural, espontâneo.
Não cobrávamos nada um do outro.
Nossos pensamentos batiam, tínhamos a nossa liberdade para tudo e nada era escondido um do outro.
Aaron estava já com doze anos e demonstrava-se feliz com a nossa convivência, nada era motivo para entristecer.
Estávamos no auge da felicidade.
Uma grande harmoniosa família!
Com muita batalha conseguimos montar uma casa de assistência para menores carentes, onde abrigávamos vinte e cinco crianças.
Toda nossa tarefa era dividida. Eu tomava conta da parte financeira, Denise da Orientação e Aaron da Diversão.
Tristeza não encontrava espaço para se aproximar.
A nossa casa de assistência recebera o nome “Uma luz no meu caminho”, nome que fora escolhido por Aaron, após ter sonhado com Alan.
Ele lhe pedira para ser este o nome e nós aceitamos.
Denise me deixara bastante emocionado com a notícia de que estava grávida e já era quase certeza.
Aaron e eu ficávamos programando o que seria feito quando o bebê viesse, os nossos passeios, onde iríamos levá-lo para conhecer.
Acreditávamos que seria um garotinho, e nada tirava de nossa cabeça que não o seria. Denise, às vezes brincava e dizia:
  - Será uma garotinha! E ria.
 O tempo deslizava rapidamente.
Denise completara a gestação e já dera entrada no hospital para dar à luz.
Após um dia bastante agitado e chuvoso, depois de tanta correria, adormeci sentado na poltrona e me vi diante de uma luz imensa que se aproximava lentamente, e estendia em minha direção os braços.
- Lembra-se de mim? Eu sou Alan, e disse a você que voltaria, ou melhor, que nunca o deixaria!
Vim para dizer e agradecer por ter me feito tão feliz este tempo todo.
Você me recolheu em seu meio e estarei a todo instante de sua vida, em cada rosto de cada criança aqui recolhida.
Eu estarei presente! E estarei presente também daqui a algumas horas, refletido no seu filhinho que chegará ao mundo.
Eu sou e serei sempre “Uma luz no seu caminho”. Eu amo a você, e nada poderá romper o compromisso deste amor!
Eis o seu compromisso a ser levado adiante.
Siga em frente. Beijou-me a face e se foi da mesma forma que viera, através das luzes que o traziam.
Acordei com uma lágrima a rolar e um sorriso estampado no rosto Aaron estava ao meu lado, afagando-me os cabelos, e me abraçava dizendo:
- Acorde preguiçoso! Temos que terminar nossos serviços e ir para o hospital. Você tem visita: venha comigo!  Pegou em minha  mão  e   me   puxou   pelo corredor da pequena casa, que parecia grande, de tanta paz e harmonia.
Ao chegar à sala de espera deparei com Tarcísio, que acabara de chegar do exterior para uma visita. Abraçou-me demorada e saudosamente, com o mesmo carinho de quando havia partido.
Em seguida o telefone toca, Aaron atende e diz, gritando:
- Vamos correndo para o hospital. Já nasceu o nosso filhinho: é um menino! Veio correndo para meus braços, e chorávamos de tanta emoção!
Aaron, Tarcísio e Eu seguimos para o hospital na maior felicidade.



FIM




Por mais atribulações que a vida nos ofereça, temos de aceitá-la e estar cientes de que novos momentos virão para concluir a nossa meta e alcançar a felicidade plena.





            Composição  do livro:



            Desenho da Capa: Rafael Dias



            Diagramação: JC Informática - Editoração Eletrônica

                                1ª Edição - 1998 - Curitiba - PR



            Revisão: Professora Maria Helena Silva e Leonel (Agosto/1998)





Agradeço a todos os envolvidos neste trabalho e em especial aos que eu usei o nome nos personagens criados, por toda força e apoio dedicado para comigo, na época que este Conto foi escrito, destacando:



-                Aaron Esteves Debiasi

-                Denise O. Augusto (in memoriam)

-                Maria Helena Silva e Leonel (in memoriam)

-                Tarcísio Carlos Campos


              Obrigado por teu apoio e acolhida! Fico aberto aos comentários e sugestões!    Até os próximos escritos! DEUS seja sempre uma Luz no nosso caminho!
Sidney Barbosa Junho/2015 
        email: sidneybarbosactba@gmail.com